André trouxe uma Holga do estrangeiro para mim.
Mas entre a compra e a entrega da camera ele resolveu bater um filme.
Eis que ao me entregar o aparelho óptico, fui alertado sobre a presença de uma pelicula ainda em andamento na camera.
Certamente a maior parte dos frames deste filme estavam velados por uma abertura acidental do aprelho fotográfico.
Guardei durante mais de dois anos o rolo de pelicula, como se nada o tivesse acontecido .
Ontem levei o filme para revelar:
Hoje quando o busquei, nao havia mais que três chapas reveladas:
as demais torraram com a ação da luz.
E na verdade, a única chapa decente que restava não foi produzida por mim.
Mas cá estava eu deslumbrado com uma descrição que nao era a minha;
vivendo a história que nunca presenciei.
Eu partilhava daquela história como se fosse minha.
Podia vislumbrar como o senhor ao centro do quadro sairia de sua pose aflitiva, com as mãos nos bolsos,
ou ainda como o senhor à esquerda passaria as paginas do jornal, dando assim, continuidade à sua leitura;
eu participava daquele quadro como se o conhecesse vividamente, embora não fisesse a mínima noção sobre o instante que este frame registrava...
e tanto menos estavava ciente que lugar era aquele...
seria uma estação de trens? um hotel...? seria no estados unidos ou buenos aires?
O studium não me deixava saber.
Mas o punctum me levava a participar.
E cá estava eu comentando, para mim mesmo, sobre um fragmento que nunca me pertenceu
Mas que, desde o momento em que me foi apresentado, dizia respeito a tudo aquilo que eu pudesse entender - sobre o mundo que aqule quadro apresentava.
6 comentários:
o filme virou um presente.
a foto o presente.
tanto faz o que é.
onde é.
só é.
nao sei se me apaixonei pelo andré ou pelo biscoito nesse momento.
a imagem é lindissima.
o lugar, bonito por si só, ganhou o instante do fotografo.
a foto é como uma piscada rapida, os movimento das bordas vinhetadas é o desfoque periferico da visao.
que coisa linda.
queria uma copia dela.
andre? biscoito?
alguem?
esqueci de falar sobre o texto.
biscoito, vc escreveu e descreveu muito bem, fiquei ate emocionada.
=]
vamos passear.
Num primeiro momento esta foto me deu a impressão de ser um sonho daqueles que a gente só vê em filme.
Agora revendo ela aqui ( no preto) e com este texto maravilhoso abaixo...
Digo que devíamos fazer um filme...
E no fim do filme aparece uma menina, que deseja mais que nunca ter suas próprias holgas, lomos e Olympus pen para continuar fabricando filmes de sonhos ou sonhos que se vê em filmes.
bonito isso, biscoito!
foto e texto se complementando muito bem!
sensacional.
Postar um comentário